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domingo, 26 de abril de 2015

Julieta que não quero (06/03/15)


"Julieta, quem me dera ser seu Romeu"
Tal pedido não foi feito, muito menos ocorreu.
Porque, Julieta, não te acho um doce fruto,
Estás mais para o fruto que o pecado absorveu.

Tua beleza parece deslumbrante, e teu corpo escultural.
Teus cabelos lisos, longos, formam um véu natural.
Mas, Julieta, para quê lhe serve
Algo físico, vazio, e tão banal?

Do barro se fez a carne, na carne se fez o desejo.
Sedução que tu usas, é um de teus apetrechos.
Atrai com teu revestimento aqueles mais dotados
De insensatez e imbecilidade, pois não veem teu outro lado.

Lado este que nem eles têm de bom, pois estão ocupados demais
Na busca, com ambição, por uma noite e nada mais.
E você, Julieta, como podes assim ceder?
Não vejo em ti inteligência, ou o mínimo de poder
Sobre teu próprio corpo, que agora é tão vistoso, mas pretende envelhecer.

Sentimentos são riquezas, são virtudes, que ficam ao passar do tempo.
Sensatez e temperança, muitos outros formam uma dança, e dão real exemplo.
Da fruta que se tem, Julieta, não só serve a casca.
A quem irá agradar, a bela maçã que está lá, mas dentro já está gasta?

Julieta, contigo não me agrado. Mesmo que me seduzas, como luzes de Natal.
Tua beleza se limita na pele, corpo, e nos lábios.
Mostre-me o que tens por dentro, Julieta, não de forma literal.

Tua mente, teus planos e pensamentos, e não essa avareza.
Mostre-me tuas ideias, teu coração, e o que lhe traz tristeza.
O que encanta mais é o tesouro que se desenterra da mente,
Mais que a comum fisionomia, que ilude facilmente.

Diga-me, Julieta, o que lhe resta no passar do anos?
Surge a morte, antes o adoecer e os cabelos brancos.
Em meio aos singelos versos, concluo por aqui:
Eu lamento, Julieta, por tantas semelhantes a ti.

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